Nós conhecemos a Chapada dos Veadeiros em 2018 e nos apaixonamos pelo lugar, desde então uma vez ao ano retornamos, é impossível conhecer tudo que ela tem para oferecer em apenas uma viagem! Além de disposição é preciso tempo, a maior parte dos atrativos tem acesso por trilhas de diferentes níveis de dificuldade e estradas de terra, as vezes é possível conhecer somente um atrativo por dia, além disso frequentemente são abertos novos atrativos na região.
Localizada no estado de Goiás, a Chapada dos Veadeiros é composta por diferentes cidades como São João da Aliança, Alto Paraíso, São Jorge, Colinas do Sul, Teresina de Goiás e Cavalcante. A região é ideal para quem deseja contato direto com a natureza, um paraíso em meio ao cerrado com paisagens exuberantes e cachoeiras imponentes.
Atualmente o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Patrimônio Natural da Humanidade da UNESCO desde 2001, abrange mais de 240 hectares da região e tem como objetivos a conservação, a educação ambiental, a pesquisa científica e a visitação do público. Além dos atrativos localizados dentro do Parque, a região possui diferentes opções de passeios em propriedades privadas que rendem vários dias de programação.
A região também é conhecida como um lugar místico por diferentes acontecimentos ocorridos ao longo dos anos como aparições de naves espaciais e ET’s, sua localização em cima da maior placa de quartzo do mundo e o Paralelo 14 – linha imaginária que corta o planeta atravessando também a cidade de Machu Picchu.
O aeroporto mais próximo é o Internacional de Brasília, a partir de lá você pode alugar um carro e seguir para o estado de Goiás por aproximadamente 222 km (depende de onde escolheu se hospedar) por uma estrada bem conservada e sinalizada.
Caso deseje fazer todo o trajeto terrestre, como nós fizemos agora em 2020 também é possível, é só ter disposição! Veja as principais distâncias:
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Brasília |
Goiânia |
São Paulo |
Belo Horizonte |
Rio de Janeiro |
Alto Paraíso |
222 km |
424 km |
1.192 km |
921 km |
1.352 km |
São Jorge |
257 km |
433 km |
1.229 km |
956 km |
1.388 km |
Cavalcante |
310 km |
513 km |
1.282 km |
1.009 km |
1.440 km |
Não aconselho fazer o trajeto a noite pois a estrada é pouco iluminada e com risco de passagem de animais silvestres.
Você encontrará postos de gasolina, lanchonetes e restaurantes ao longo do caminho mas fique atento pois as distâncias são longas e alguns trechos o celular fica sem sinal.
Se possível alugue um 4×4 ou modelo próximo porque as estradas de acesso as cachoeiras, em sua maioria, são de terra e com muitas pedras e buracos.
A Chapada dos Veadeiros tem duas estações bem definidas e que oferecem experiências completamente diferentes. No período entre maio a setembro a estação seca tem temperaturas mais altas e ausência de chuva, já no período da chuva entre outubro a abril acontecem os temporais.
Não há um período ideal para visitar a Chapada, o que acontece é que você encontrará paisagens completamente diferentes dependendo da estação que for. Há quem diga que o melhor período é a estação seca quando as temperaturas estão mais altas, não há risco de chuva mas você encontrará as cachoeiras mais vazias e a umidade baixa, o que pode dificulta a prática de atividade física. No período da chuva você encontrará temperaturas mais agradáveis e cachoeiras cheias, mas terá o risco de tromba d’agua e águas mais escuras.
As três vezes que visitamos a Chapada fomos no período da chuva, feriados de outubro e novembro, e tivemos experiências maravilhosas! Não se prenda nestas informações e detalhes, planeje seu roteiro mas seja flexível para adaptá-lo conforme a previsão do tempo e conte sempre com a ajuda de um guia que conheça a região.
Os principais locais de hospedagem estão em Alto Paraíso do Goiás, São Jorge e Cavalcante.
São Jorge é uma vila com ruas de terra e menos infraestrutura, é procurada pelo público mais jovem que deseja uma viagem com menor custo, mas com boas opções de bares e baladas. Mais próxima a entrada do Parque Nacional, é uma boa opção para quem focou o roteiro nas trilhas que ficam lá dentro.
Cavalcante é território dos Kalungas (povo quilombola) e onde está a famosa cachoeira Santa Bárbara. Você encontrará opções de pousadas mais simples e poucas opções de comércio, pode valer a pena passar uma noite por lá para economizar no trajeto visto que, entre os três, é o mais distante de Brasília.
Alto Paraíso é a melhor infraestrutura com mercados, agência do banco Itaú e Brasil, borracharias, postos de gasolina, posto médico e muitas opções de pousadas, hotéis e restaurantes. Na minha opinião é a melhor opção para se hospedar, além da infraestrutura ela está localizada no centro da Chapada, o que facilita o deslocamento para os passeios.
Como os passeios costumam durar todo o dia, a melhor opção é levar lanche e no final do dia fazer um “almojanta”. Próximo a alguns atrativos você encontrará residências da comunidade local que abrem suas portas para oferecer refeições, são comidas caseiras com ingredientes plantados, colhidos e criados em suas propriedades. Além de gerar renda e envolver a comunidade na atividade turística você não encontrará nenhum restaurante com o sabor e qualidade como deles, são as melhores opções!
Vendinha 1961: localizada na avenida principal de Alto Paraíso é famosa pelo serviço de pastéis (realmente são muito bons – tamanho, qualidade e sabor). A noite costuma ter música ao vivo, atualmente o serviço é la carte com boas opções de comidas e drinks. Importante verificar o horário de funcionamento, mas normalmente está aberto desde o horário de almoço.
Pizza 2000: localizada na avenida principal de Alto Paraíso é uma boa opção para jantar. O serviço la carte oferece pizzas e massas, o valor é razoável e com boa qualidade.
Restaurante Moinho: localizado na avenida principal de Alto Paraíso, o serviço é self service com valor acessível, comida caseira e muito saborosa.
Rancho do Waldomiro: localizado na estrada que liga Alto Paraíso a São Jorge, é tradicional por oferecer a matula e a carne de lata (comidas típicas dos tropeiros que cruzam o Brasil a cavalo). Você pode escolher entre o prato feito por 35,00 por pessoa ou coma a vontade por 40,00 por pessoa. O Rancho é famoso também pela produção de licor que pode ser provado após a refeição.
Fazenda da Dona Eleusa: localizado na região dos Couros é uma ótima opção para quem vai conhecer a Catarata dos Couros, é só agendar sua refeição quando chegar na entrada da trilha. O valor de 35,00 por pessoa inclui buffet livre.
Aproveite para experimentar os sucos de frutas típicas da região como tamarindo, mangaba, graviola, etc.
1º dia – Catarata dos Couros + Almoço da Fazenda do Dona Eleusa
Distância: 55km a partir de Alto Paraíso, sendo 19km de asfalto e 36 km de estrada de terra, o caminho dura aproximadamente 1h30. A estrada de terra é boa, mas alguns trechos têm bastante pedras e as vezes até cascalhos que são colocados para reduzir o risco de atolamento quando chove. Ao longo do trajeto a sinalização não é boa, muito menos o sinal de internet para acessar o GPS. No local está marcado o início da trilha, que é gratuita, você encontrará uma área ampla para estacionar com algumas arvores e sombra. O local é vigiado por moradores que não cobram um valor fixo, pelo menos em nenhuma das 3x que fomos, mas aceitam uma contribuição no momento da saída
Extensão da trilha: 6 km
Nível: leve, mas existem alguns trechos de subidas e descidas entre as pedras que podem requerer um melhor preparo físico e não ser uma boa opção para quem tem medo de altura
Duração: dia inteiro
Valor: gratuito
Alimentos e bebidas: no estacionamento existem algumas barracas que vendem bebidas mas não vendem alimentos então leve lanches. O ideal é fazer um “almojanta” após a trilha na Fazenda da Dona Eleusa (valor por pessoa R$ 35,00). O agendamento da refeição pode ser feito em uma dessas barracas antes de iniciar a trilha.
Não é um dos passeios mais famosos da Chapada dos Veadeiros, talvez por não apresentar as águas cristalinas que todo mundo deseja nadar, mas com toda certeza é um passeio de tirar o fôlego pela grandiosidade e imponência das cachoeiras ao longo da trilha. O acompanhamento de guia não é obrigatório, mas acho necessário pois o trajeto não é sinalizado, tanto a estrada de terra quanto a trilha. Além do trajeto, o guia poderá ajudá-lo com diversas dicas como locais seguros para banho, dependendo da estação que for as cachoeiras podem estar cheias e alguns locais se tornam perigosos para banho, locais para fotos e conhecimentos sobre a fauna e flora.
O bom desse passeio é que ao longo do trajeto você terá opções de parada para banho, mas eu indico que aproveite a disposição de início e faça toda a trilha até a última queda d’agua e depois retorne parando, assim você poderá descansar as pernas e aproveitar com mais calma (nada impede que você pare para tomar banho na ida e na volta, é só controlar o tempo, ok?)
A Cachoeira da Muralha, apesar das diversas quedas é um bom local para banho porque tem 2 poços grandes com diversas profundidades, além de pedras onde pode-se sentar e sentir a queda d’agua. Para quem gosta mais de tranquilidade, a opção é tomar banho na Prainha, uma parte da trilha que beira o rio e não há queda então a água é calma. Almecegas 1000 é deslumbrante, mas dependendo da estação você não conseguirá entrar no poço nem andar nas pedras escorregadias, é melhor não arriscar e só admirar. A Cachoeira do Parafuso tem o acesso mais difícil, é quase um escalada até chegar ao poço, é mais profunda e com maior queda, se estiver na seca forma um escorrega e um poço bem agradável.
Apesar de ser considerada uma trilha leve, vá de tênis. O caminho é irregular e tem muitas pedras.
Leve água e lanche, o passeio dura o dia inteiro e o único local para comprar bebidas é nas barracas que ficam no estacionamento mas não há alimentos disponíveis.
A maior parte da trilha e dos locais para banho não tem sombra, então previna-se com protetor solar, chapéu e blusa com proteção UV.
A Catarata dos Couros está localizada em uma propriedade pública mas neste ano foi decretada a criação do Parque Estadual Águas do Paraíso que tem objetivo de preservar e conservar o meio ambiente, além de regularizar e organizar a atividade do ecoturismo.
2º dia – Santuário Volta da Serra + Almoço no Rancho do Waldomiro + Jardim de Maytrea
Distância: 28 km a partir de Alto Paraíso e 8 km a partir de São Jorge, a placa indicativa da entrada fica na beira da pista no sentido Alto Paraíso.
Extensão da trilha: 8 – 9 km
Nível: médio, a maior parte da trilha é plana em local aberto, ou seja, sem cobertura de vegetação. O trecho mais difícil é o acesso a cacheira do Cordovil que tem muitas pedras e sua extensão que é um pouco longa.
Duração: dia inteiro
Valor: R$ 40,00, mas quem está acompanhado de guia tem R$ 5,00 de desconto. Aceita cartão.
Alimentos e bebidas: não há local para compra de lanches e bebidas, leve tudo que for consumir ao longo do dia.
O Santuário Volta da Serra é uma fazenda que oferece visitação as cachoeiras, mas também foca suas atividades na preservação e conservação do cerrado através de parcerias com pesquisadores e associações como o Cerrado de Pé (Associação de Coletores de Sementes da Chapada dos Veadeiros que trabalham na restauração de áreas degradas). Lugares como este nos fazem acreditar que é possível viver em harmonia com a natureza, que a economia pode ser aliada ao desenvolvimento sustentável onde o ser humano se beneficia daquilo que natureza lhe dá gratuitamente, mas também retribui e agradece sem ganância.
Para acessar as cachoeiras é obrigatória a passagem pelo centro de visitantes onde você recebe as instruções de visitação, realiza o pagamento da taxa de visitação (aceita cartão), assina o livro de visita e recebe uma pulseira, além disso eles anotam as informações do carro para fazer o controle de saída posteriormente. O local está seguindo rigidamente protocolos sanitários para receber os turistas além da redução do número de visitantes por dia. A entrada do centro de visitantes é feita por um caminho demarcado com fluxo de entrada e saída, é preciso passar pelas pias e higienizar as mãos além do tapete sanitário e o uso obrigatório de máscara. Você pode conhecer e comprar os produtos produzidos na própria fazenda que trabalha com apicultura (mel, hidromel, própolis etc.) e produção de café, além de ter uma provinha de alguns produtos
Dependendo da estação a trilha já começa a partir do centro de visitantes, digo isso porque você não conseguirá passar pelo rio que fica mais a frente com o carro. Se o nível da água estiver baixo você conseguirá passar como nós fizemos e poderá utilizar o segundo estacionamento que fica mais próximo ao início real da trilha. Toda a trilha é muito bem sinalizada com placas e setas pintadas nas pedras, não é obrigatório o acompanhamento de guia neste passeio mas é sempre bom ter alguém que conhece a região por perto.
A cachoeira do Rodeador é a primeira do circuito e bem próxima ao estacionamento, menos de 1km, mas é fechada para banho devido a dificuldade de acesso à água e pedras escorregadias. Seguindo a trilha, a segunda parada é no Poço das Esmeraldas, a vista de cima impressiona pela profundidade e coloração da água, mesmo com o dia nublado como foi o nosso caso, e para ter acesso é preciso descer pelas pedras e entrar em pequeno cânion ou pular para os mais corajosos. O local é muito agradável e dá vontade de ficar por lá durante o dia, mas seguindo a trilha por alguns metros a próxima parada é a Cachoeira do Encontro. O poço é pequeno e cercado por um paredão de pedras que formam uma queda comprida, mas baixa, um cenário lindo mas que não é muito confortável para ficar por muito tempo. A última e mais esperada é a Cachoeira do Cordovil, esses são os 300 metros mais difíceis da trilha porque não entre pedras beirando o rio, mas nada que um bom tênis não ajude a superar! O poço é amplo e profundo, alguns lugares podem chegar a 3 m, mas existem algumas pedras e bancos de areia para relaxar e que ajudam a chegar até a queda d´agua e subir as pedras por trás dela. A queda de 44 m de altura e o paredão ao redor do poço formam uma paisagem diferente das outras cachoeiras que visitamos na Chapada dos Veadeiros, é um local único então a minha dica é que você reserve o maior tempo do seu passeio para ficar nesta cachoeira.
3º dia – Poço Encantado
Distância: 52 km a partir de Alto Paraíso e 93 km a partir de São Jorge, a atração está mais próxima de Teresina de Goiás que fica a 12 km.
Extensão da trilha: 200 m
Nível: fácil, o acesso a cachoeira é feito por uma trilha aberta e asfaltada.
Duração: 10 minutos
Valor: R$ 40,00
Alimentos e bebidas: o local possui lanchonete e restaurante, não é permitido entrar com alimentos e bebidas.
O Poço Encantado está localizado dentro da Fazenda Rio da Pedra, propriedade particular que além do turismo pratica outras atividades como a agropecuária. Aberto para visitantes diariamente, o Poço tem queda de 38 metros de altura e 50 metros de diâmetro, a queda d’água forma uma piscina natural e dependendo do fluxo de água uma praia de areia branca muito agradável. O acesso é super fácil, o pagamento é feito na entrada da propriedade em uma cancela. Do estacionamento localizado na parte superior até o Poço são apenas 200 metros e o trajeto é feito por uma trilha asfaltada com corrimão e chuveiro. Na parte superior também estão localizados o restaurante e a lanchonete, assim que chegar você pode deixar o almoço agendado.
A propriedade oferece também hospedagem em chalés com café da manhã, acesso livre ao Poço Encantado e outras 3 cachoeiras que são exclusivas para os hóspedes, além da visita a estrutura da fazenda e consumo dos produtos produzidos.
Por ter uma boa infraestrutura o local é procurado por famílias com crianças ou pessoas que desejam um dia mais tranquilo com comodidade e facilidade de acesso. É importante chegar cedo para reservar um espaço e aproveitar melhor.
Informações importantes
Leve sempre água e lanches para as trilhas. Dependendo do percurso elas podem durar todo o dia e não terem locais próximo para compra de alimentos e bebidas.
Alguns atrativos exigem, ou não, o acompanhamento de um guia de turismo. Meu conselho é que você não se arrisque e preze por sua segurança contratando um profissional. Tenho certeza de que seu passeio será mais tranquilo e bem aproveitado. Além do acompanhamento no dia do passeio, o guia poderá ajudá-lo na escolha dos passeios e montagem do seu roteiro.
Cuidado com a tromba d’agua. Elas podem acontecer se estiver chovendo na cabeceira do Rio, são repentinas e perigosas, você não vai nem perceber. Por isso é importante contratar um guia que saberá reconhecer os sinais da natureza e atuar em situações de emergência.
Tenha atenção e cuidado nas estradas de terra, os animais silvestres, em sua maioria aves, costumam passar na frente dos carros.
Respeite as informações ao longo da trilha, se elas estão ali é porque tem utilidade e você pode evitar acidente.
Utilize tênis em todas as trilhas, os terrenos são acidentados, de terra, com pedras e buracos.
Não esqueça de levar uma mochila pequena para utilizar nas trilhas, leve somente o necessário, evite carregar peso.
Atualmente quase todos os atrativos aceitam pagamento com cartão mas é importante você ter sempre dinheiro em espécie devido à dificuldade de sinal.
Somente em Alto Paraíso você encontrará caixa eletrônico do Itaú e Banco do Brasil.
Não esqueça o protetor solar, chapéu ou boné, e se possível uma camisa com proteção UV. Dependendo da trilha você terá a incidência do sol durante todo o caminho.
Repelente é um item essencial, principalmente para quem é alérgico.
Para indicação de guias que atuam na Chapada dos Veadeiros e locais de hospedagem entre em Contato Conosco
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